As razões que levaram à morte do general Quasem Soleimani pelos Estados Unidos e o que vai acontecer
- Cindy Tomé
- 10 de jan. de 2020
- 3 min de leitura
O Assassinato de Quasem Soleimani, comandante da Força Quds da Guarda Revolucionária iraniana, representa um agudizar das tensões existentes entre o Irão e os Estados Unidos há muito anos que nos deixa perante a possibilidade de um conflito iminente.

Esperam-se reações dos dois lados, como foi a 7 de janeiro, quando o Irão bombardeou as bases militares dos Estados Unidos em Bagdade em resposta à morte do General Soleimani. Esperam-se ainda uma sucessão de ações e represálias que podem deixar os dois países mais perto de um confronto direto.
Para Philip Gordon, que fora coordenador da Casa Branca para o Medio Oriente e para o Golfe pérsico durante a presdiencia de Barak Obama, o assassinato de Soleimani foi como uma “declaração de guerra” contra o Irão.
A Força Quds que era comandada por Quasem Soleimani tinha um papel fundamental para as forças de segurança do Irão responsáveis pelas operações internacionas. Durante anos, que fosse no Líbano, no Iraque, na Síria ou em outros lugares, Soleimani buscou ampliar a influência do país persa por meio do planejamento de ataques ou apoio a aliados locais de Teerão.
Uma figura adorada no Irão mas uma ameaça para os Estados Unidos
Para o Capitólio, Soleimani seria a cabeça de conspirações e planeamento de ataques contra fortificações militares americanas. No entanto, no Irão, era bastante popular. Na prática, foi o general iraniano quem liderou a reação de Teerão contra a vasta campanha de pressão exercida e sanções impostas pelos Estados Unidos.
O mais surpreendente não foi Soleimani estar na mira de Trump, mas sim a decisão do ataque dos Estados Unidos ser agora. Na medida em que, ataques passados e sucessivos contras as bases americanas no Iraque foram sempre consideradas da autoria de Teerão. Mas operações iranianas anteriores, como a ofensiva contra navios-tanque no Golfo; o abate de um veículo aéreo não tripulado dos EUA; e até mesmo o ataque contra uma instalação de petróleo saudita, nunca obtiveram resposta direta dos Estados Unidos.
A tentativa de invasão da Embaixada americana, em Bagdade resultou da reação de contra-ataque, por parte do Pentágono quando existirem prévios ataques contras as bases americanas situadas no país.
As razões dadas pelo Pentágono, aquando de justificar a decisão de matar Soleimani, focaram-se não apenas nas ações passadas do geral, mas insistiu sobretudo que se tratava de uma medida de intimidação.
Ainda de acordo com Washington, o general estava a “desenvolver ativamente planos para atacar diplomatas e militares Estadunidenses no Iraque e em toda a região”.
Um futuro de incertezas
Ainda é incerto o que este conflito pode trazer ao mundo. Trump pensa ter provado que o poderiu militar americano não pode ser desafiado e acredita ter demonstrado aos seus aliados cada vez mais apreensivos na região, como Israel e Arábia Saudita, que os EUA ainda têm força.
É quase previsível uma reação Iraniana, mesmo que não seja imediata e os alvos óbvios serão os 5 mil soldados americanos que se encontram em território iraniano.
Os Estados Unidos assim como os seus aliados estarão, daqui em diante, muitos focados nas suas defesas. O Capitólio já enviou um pequeno reforço para a sua Embaixada em Bagdade. A primeira potência militar mundial tem como plano aumentar rapidamente a sua presença militar na região, se assim for necessário.
Noutra mão o Irão poderá adotar um comportamento diferentes, ou seja, opte por não responder aos ataques contra-atacando. O amplo apoio que têm no território, obtido através das alianças que Soleimani construiu e financiou, pode ser um grande trunfo para o Irão. Uma vez que poderia, por exemplo, renovar o cerco à Embaixada dos Estados Unidos em Bagdade, mas colocaria o governo iraniano numa posição difícil e até mesmo poderá por em risco a presença americana no país. Isso poderia levar a manifestações em outros lugares para encobrir outros ataques.
Comments