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Conceição Lino: "Um jornalista tem o poder (...) de ser o veículo da preocupação das pessoas."

  • Foto do escritor: Enfoque
    Enfoque
  • 10 de jan. de 2020
  • 3 min de leitura

Conceição Lino, jornalista da SIC desde o berço, esteve à conversa com o Enfoque sobre o que lhe dá gosto trazer para a televisão de todos os portugueses, assim como os desafios que o papel do jornalista pode enfrentar na sociedade em que vivemos.

Enfoque

Por: Ana Rita Graça e Joana Almeida Carvalho


Conceição Lino, nascida em Alverca do Ribatejo, é jornalista da SIC desde o ano da fundação. Quando chegou a hora de decidir o rumo que envergaria no seu futuro, um colega aconselhou-a a tirar o curso de Comunicação Social da Universidade Nova. Inicialmente, foi para aquele curso não para ser jornalista, mas sim porque se tinha apaixonado por toda a literacia e autores teóricos que acompanhavam o curso. No entanto, a comunicação era uma coisa que lhe interessa.

Entretanto, com o passar do tempo, surgiu a proposta para trabalhar no Expresso como revisora e, ao mesmo tempo, ia tendo alguns trabalhos na rádio, nomeadamente na rádio Minuto. Foi tendo um ou outro projeto com a RTP, mas nada a tempo inteiro. Até que: nasceu a SIC. Conceição Lino afirma "Estou na SIC desde que a SIC ainda não era transmitida. Fiz parte da equipa que trabalhou a primavera e o verão de 1992, para depois mais tarde a SIC ir para o ar no dia 6 de outubro do mesmo ano".


Conceição assistiu, em primeira fila, desde o nascimento da televisão privada até todas as alterações que foram feitas ao longo dos últimos 27 anos. "A SIC foi um projeto muito dinâmico, que mexeu muito com a sociedade portuguesa, que trouxe pessoas para a televisão que não estavam na comunicação social, que não eram destaque" e isso, no ponto de vista de Conceição, foi uma mais valia para a SIC. A jornalista contou ao Enfoque num orgulho desmedido que "estava muito feliz, por ter participado em todas as épocas da SIC, uma atrás da outra".

Desde o seu início na SIC, que Conceição Lino deixou bem claro que posição queria marcar no que concerne ao conteúdo que considera essencial passar para o público. Um dos seus primeiros trabalhos foi como apresentadora e coordenadora, juntamente com Paulo Varandas, do programa "Praça Pública".  Este programa era de informação e passava na televisão antes do Jornal das 20h. Segundo Conceição, "o programa ajudou a mexer o tecido social. Havia telefonemas para aqui antes dos próprios bombeiros. O cidadão comum passou a ser protagonista deste programa. Nós eramos o eco dos suas preocupações, da vontade que tinham que falar. Mexeu muito com a maneira de fazer televisão. A pirâmide do interesse noticioso passou a ser uma coisa diferente".


O seu traçado profissional sempre foi muito marcado por fazer programas que cheguem às pessoas de uma forma mais direta, "que as faça identificar, mas também questionar (...) O programa "E se fosse consigo)" foi criado por mim para dar-lhes alguma matéria para elas próprias (a sociedade) fazerem uma reflexão. Ao olhar para estas realidades que têm a ver com o tipo de sociedade que nós temos, como é nós gostaríamos de ter a nossa sociedade e como gostaríamos que esta nos respeitásse. Isto têm a ver com todos nós e não só com aquelas que são alvo de preconceito".


No olhar de Conceição Lino, programas como "A Rede" e "E se fosse consigo?" foram sempre líderes de audiência porque "há um interesse das pessoas em olhar para elas próprias e para coisas que lhe dizem respeito. Há um fenómeno de identificação e que funciona também como um alerta". Para Conceição, o papel do jornalista "é o de trabalhar para um comum e ser o veículo das preocupações das pessoas". Reitera ainda que "um jornalista que não está preocupado com os seus semelhantes, nem com a forma como as pessoas vivem, que não tem capacidade de se indignar, não tem capacidade de se emocionar, é-lhe indiferente o que acontece, porque está mais focado noutro tipo de coisas, não é um jornalista inteiro. Essa humanidade que nós temos é que deve estar ao serviço do jornalismo, obviamente com rigor, com verdade, com seriedade."


Conceição Lino foi eleita nos Globos de Ouro na categoria de "Melhor Jornalista" e confessou ao Enfoque que foi um prémio que recebeu com muito agrado. No entanto e ainda relativo ao seu discurso naquela noite, Conceição afirma que "o jornalista tem de fazer um trabalho muito mais rigoroso, para que o trabalho seja distinto daquilo que anda a circular. Por causa deste ruído, há muitas tentativas de descredibilizar o papel do jornalista. O jornalista com todas as contingências, tem ainda a necessidade de mostrar que o seu trabalho é útil para a saúde da democracia. O jornalista tem de saber proteger o seu espaço numa sociedade livre e numa sociedade democrática". Conceição Lino remata que "todos nós podemos perder muito se o jornalista não conseguir cumprir o seu papel".

SIC

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