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Porto manifesta-se contra chumbo de salvamentos no Mediterrâneo

  • Foto do escritor: Joana Almeida Carvalho
    Joana Almeida Carvalho
  • 10 de nov. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 10 de jan. de 2020

A Avenida dos Aliados foi palco de uma manifestação contra o chumbo de quatro propostas de salvamentos no Mediterrâneo, pelo Parlamento Europeu. O protesto ocorreu ontem, dia 8 de novembro, pelas 18h00.

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Enfoque: Ana Rita Graça

A associação Humans Before Borders(HuBB) organizou, esta sexta-feira, duas manifestações, uma em Lisboa, na Praça do Rossio, e outra no Porto, na Avenida dos Aliados. Os protestos tinham como lema que salvar vidas no mediterrâneo “não é uma questão partidária, é humanitária”, e o objetivo de protestar conta o chumbo de uma solução pelo Parlamento Europeu, relacionada com a busca e salvamento de migrantes no Mar Mediterrâneo.


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Enfoque: Ana Rita Graça

O cenário era negro e pesado na Avenida dos Aliados, no Porto, com 1090 velas acesas, pelas 1090 mortes no Mediterrâneo. Viam-se cartazes espalhados pelo chão, e os manifestantes em círculo à volta de um barco (bote) com coletes e luzes. Para além disto, foram também disponibilizados QR Codes que os manifestantes podiam utilizar para encaminhar uma mensagem aos eurodeputados, como forma de dar voz política ao problema.


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Enfoque: Ana Rita Graça

A manifestação começou com todos os presentes a segurar o barco e a passá-lo de mãos em mãos, como simbolismo das ondas do mar, acompanhados pelas frases mais ouvidas durante todo o protesto: “Estamos todos no mesmo barco!”, “Chega de tormento, queremos busca e salvamento!”, “Europa Unida, luta pela vida!”.



Ana Paula Cruz, médica humanitária e representante do coletivo, admitiu que esta manifestação foi um pedido urgente de busca e salvamento no Mediterrâneo, alertando que, desde 2014, 17000 pessoas atravessaram o mar e 1090 perderam a vida.

Na manifestação, que se mostrava pacífica, esteve também presente Mory Camara, da Guiné-Conacri, um refugiado que partilhou com todos os presentes, a história da sua fuga. Mory, de origem Muçulmana, converteu-se ao Cristianismo e foi perseguido pela família e amigos que não o aceitaram. Para que pudesse viver em paz, viu-se obrigado a fugir para a Europa, mas afirmou que “por mim ficava em minha casa e não tinha ido embora, mas tive de sair para me manter vivo".



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Enfoque: Ana Rita Graça

"Podemos ter milhares de euros, mas a liberdade é o mais precioso que temos na vida"




Mory atravessou o Deserto do Saara em busca de um país onde pudesse viver em paz, mas o cenário que encontrou não era o que sonhava. Chegou à Líbia, onde foi preso, vendido, escravizado e torturado. Foi na altura em que estava na prisão, que um comprador chegou ao pé dele e disse que se queria ser livre, teria de ir trabalhar para ele. Mory tentou passar a mensagem aos manifestantes presentes que “podemos ter milhares de euros, mas a liberdade é o mais precioso que temos na vida”. Acrescentou ainda que “as pessoas não têm noção, mas a Líbia não é um país seguro, as pessoas são torturadas”.


Mory contou também que tentou fazer a travessia do Mar Mediterrâneo quatro vezes, e que de todas elas assistiu à morte de vários companheiros. Terminou a partilha da sua experiência, agradecendo a toda a gente por estarem a lutar pelo fim da guerra e das mortes no Mar Mediterrâneo. Os aplausos ecoaram entre os grandes edifícios da Avenida.


A manifestação continuou de forma pacífica, ao som da banda Batucada Radical, que se juntou ao protesto.



As quatro propostas chumbadas pelo Parlamento Europeu


A primeira proposta foi apresentada pelo Partido Popular Europeu (PPE), que defendia a abertura dos portos às ONG’s. A segunda, defendida também pelo mesmo partido, apelava ao fim da cooperação com a Líbia, de forma a esvaziar os centros de detenção naquele país.


As outras duas propostas chumbadas no Parlamento, eram defendidas pela Identidade e Democracia (ID) que pedia, se necessário, a reintrodução de fronteiras internas, enquanto que o grupo parlamentar Conservadores e Reformistas Europeus (ERC), defendia a avaliação caso a caso, ou navio a navio, da ajuda humanitária prestada pelas ONG’s e o direito aos países poderem aplicar a legislação nacional no momento de autorizar a entrada de navios de ajuda humanitária.



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