Morreu José Mário Branco
- Cindy Tomé
- 19 de nov. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de nov. de 2019
Morreu o cantor, músico e produtor José Mário Branco. Com uma carreira que se estendeu por mais de 50 anos, o cantor faleceu esta terça-feira aos 77 anos.

Nasceu no Porto, em maio de 1942, passou a sua infância entre a Invicta e Leça da Palmeira e estudou História nas Universidades de Coimbra e Porto. O interesse pela política encaminhou-o a intervir no Partido Comunista Português que, por sua vez, o levou a ser perseguido pela PIDE e ao exílio em França, na década de 60.
Foi em novembro de 1971, em plena luta contra o Estado Novo e ainda expatriado em França, que José Mário Branco lançou o seu álbum mais emblemático, “Mudam-se os tempos, Mudam-se as vontades”, dando musicalidade a textos da autoria de Natália Correia, Alexandre O’Neill, Luís de Camões e Sérgio Godinho. É a partir desta altura que vai conquistando um lugar como um dos mais importantes autores da música de intervenção portuguesa, consolidado sobretudo no período da revolução do 25 de abril. Em 1982 o músico lançou “Ser Solidário”, onde foi incluída a faixa “FMI”, uma das mais célebres músicas de Branco que foi bastante recuperada anos depois.
José Mário Branco lançou o seu último álbum de originais há 15 anos, já em plena democracia, “Resistir é vencer”, de 2004 foi um título gravado em homenagem ao povo timorense.
Além de músico e compositor, José Mário Branco foi também responsável de produzir e arranjar músicas de inúmeros discos de artistas portugueses, desde Sérgio Godinho a Fausto Bordal Dias, no entanto, nenhum foi tão marcante como o também imortal Zeca Afonso. Álbuns como “Cantigas de Maio” de 1971 e “Venham mais cinco” de 1973 são exemplos disso. “Venham mais cinco” foi o último disco gravado por Zeca Afonso em Paris com José Mário Branco e passou a ser considerado um dos maiores símbolos da oposição à ditadura portuguesa, gravado antes de “Grândola Vila Morena”, antes do 25 de abril.
Em 2014, foi feito um documentário sobre a sua vida, por Nelson Guerreiro em parceria com Pedro Fidalgo, sendo rodado durante 10 anos e conta a história da “voz singular no panorama português”. Nas próprias palavras do cantor “Sou o Zé Mário Branco, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto, continua, desde há 40 anos a denunciar e a acreditar que é possível realizar a Mudança, aquela grande Mudança que faz transformar o Mundo e a Vida numa coisa melhor.”
O cantor José Mário Branco faleceu esta terça-feira. A notícia foi avançada pela RTP3 e confirmada pelo Jornal Público juntamente com a editora do Cantor, Warner Music e do seu agente, Paulo Salgado. A notícia foi recebida com surpresa por parte de todos, o fadista Camané incluído, “Deve ter sido repentino, porque ele estava bem” declarou o fadista esta manhã à RTP.
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