Operação Marquês: Sócrates diz ter recebido herança da mãe de 5 Milhões de euros
- Cindy Tomé
- 5 de nov. de 2019
- 2 min de leitura
O antigo primeiro-ministro revelou, esta segunda-feira, ao Juiz de instrução criminal que o dinheiro gasto em viagens foi uma herança que a mãe recebeu, admitindo que devia ter pedido um empréstimo maior para viver em Paris. Procuradores e advogados deixaram os telemóveis fora da sala de interrogatório a pedido do juiz para não existir fuga de informação.

O quinto dia de interrogatório da fase de instrução criminal, no âmbito da operação marquês, ficou marcado logo de início pelo juiz de instrução Ivo Rosa, que pediu aos procuradores e advogados, para deixarem os dispositivos moveis fora da sala de interrogatório com o único propósito de não existir a possibilidade de fuga de informação. Além disso, o antigo Primeiro Ministro José Sócrates, terá revelado que, nos anos 80, a mãe recebeu uma herança do avô de um valor de um milhão de contos, cerca de 5 milhões de euros. Parte do dinheiro da herança teria sido doado a Sócrates para financiar as suas viagens de lazer que fez enquanto primeiro-ministro e ulteriormente.
Em 2011, após abandonar o Executivo, Sócrates mudou-se para Paris. O antigo-político continua a afirmar que a casa que habitou na capital francesa, que o Ministério Publico acredita ser propriedade sua, pertence ao seu amigo e também arguido Carlos Santos Silva. José Sócrates certifica que nunca deu conselhos a Santos Silva sobre as obras de remodelação, contrariando a acusação de que é arguido.
No que diz respeito aos empréstimos bancários, o antigo governante diz ter pedido um montante de 120 mil euros à caixa geral de depósitos para suportar as suas despesas. No segundo ano da sua estadia em Paris, os estudos e despesas pessoais foram financiadas por transferências bancárias feitas pela mãe depois de ter vendido a casa na Rua Braancamp em Lisboa a Carlos Santos Silva pelo valor de 400 mil euros. No final do mês de novembro será o mesmo amigo de Sócrates a ser interrogado na fase de instrução.
Na fase de instrução vai caber ao juiz Ivo Rosa se os indícios levantados pelo Ministério Público são suficientes ou não para levar os arguidos a julgamento nos termos da acusação.
A operação Marquês iniciou em julho de 2013. A 11 de outubro de 2017 foram acusados 28 arguidos, das quais 19 pessoas e 9 empresas, pela prática de 188 crimes económico-financeiros, entre os quais corrupção e branqueamento de capitais.
José Sócrates esteve em prisão preventiva e domiciliária e está acusado de 31 crimes. O antigo líder socialista foi acusado em 2013 pelo Ministério Público pela prática de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 crimes de branqueamento de capitais, nove crimes de falsificação de documentos e três crimes de fraude fiscal qualificada.
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