A Faculdade de Letras do Porto recebeu a 5ª edição das jornadas do ObCiber
- Ana Rita Graça

- 30 de nov. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 10 de jan. de 2020
A 5º edição do ObCiber realizou-se esta quinta-feira, dia 28 de novembro, na Faculdade de Letras do Porto. No debate que teve como foco o ensino do ciberjornalismo foram expostos os desafios que o jornalismo enfrenta nesta "onda onde o clique prevalece".

A sessão arrancou com a palestra de Pilar Sanchéz-Garcia, da Universidade de Vallodid, que fez o mote para aquele que seria o tema da edição deste ano. Para a académica, os professores de jornalismo enfrentam vários "desafios" ao formar alunos que vão trabalhar num mercado que está em constante mutação. A docente e investigadora debroçou-se sobre a "essência formativa do ciberjornalismo" na era da "tecnoeuforia".
Após a conferência de Pilar, o tópico manteve-se em cima da mesa e foi desta vez discutido por docentes de várias faculdades, que abordaram o tema a partir das suas experiências profissionais. Para além da sala de aula, todos os docentes concordaram que era importante dar prioridade ao ensino laboratorial do jornalismo, o que se traduz, por exemplo, em projetos como o JPN, na UP, do #infomédia na Lusófona do Porto ou do Projeto de Jornalismo no Minho. Inês Amaral, da Universidade de Coimbra, revelou que será criada uma nova plataforma chamada "Media Esfera".

No seguimento das palavras de Inês Amaral, Luís Santos da Universidade do Minho ressalvou a resiliência do trabalho do jornalista no tratamento de questões relacionadas com a relevância social.
O professor afirmou não ter a certeza "se hoje em dia o mercado quer um jornalista mais capacitado, com mais espírito crítico ou apenas um jornalista que
clique nas teclas". A era do clique é um desafio para os estudantes de jornalismo, pois no mercado de trabalho "salvo raras exceções, os alunos vão poder praticar um jornalismo livre, em que podem escolher o tema que vão tratar". Um dos piores problemas que o jornalismo está a passar é, no ponto de vista de Luís Santos, a descredibilização da profissão do jornalista: "Quando acontecem coisas tenebrosas na nossa vida, as pessoas acham que o jornalismo é importante, não o acham no dia a dia".
Vanessa Rodrigues, da Universidade Lusófona do Porto, considerou que é fundamental o ensino fora das salas de aula, com projetos em que os alunos possam desenvolver espírito crítico. As plataformas online nas quais os alunos de jornalismo podem trabalhar fora aulas, ajuda-os a "criar portefólio, mas também a exercitar competências (...) ajuda-os a pensar".

Fernando Zamith, da Universidade do Porto, mostra-se positivo perante o panorama do jornalismo de hoje e reitera que "não podemos baixar os braços". Para o docente, há uma necessidade de voltar à essência do jornalismo, isto é, "temos que fazer um regresso aos elementos fundamentais do jornalismo, deixar o que é viral e repensar o que é fundamental na profissão de um jornalista". A esperança de melhores dias é algo que motiva Fernando Zamith, no entanto, considera que "não basta sermos positivos, também temos que ser esforçados e lutar".
Entrega de Prémios do Ciberjornalismo
Antes do encerramento da conferência, houve ainda lugar para a entrega dos Prémios de Ciberjornalismo, que já conta com a sua 12º edição.
O jornal Público foi o grande vencedor desta edição, conquistando quatro das oito categorias a concurso. O Diário de Notícias venceu o Prémio de Excelência Geral, no qual concorria com o Observador e a Rádio Renascença, assim como venceu nas categorias de Última Hora, Infografia Digital e Narrativa Vídeo Digital.
O jornal Expresso levou o prémio de melhor Reportagem Multimédia e o Fumaça, que no ano passado se tinha estreado entre os vencedores do Prémios de Ciberjornalismo, venceu na categoria de Narrativa Digital Sonora.
Relativamente à categoria de jornalismo regional, foi o Região de Leiria que venceu com a reportagem "Valentyna Bilous: Do sorriso lindo de princesa à força de um golpe no ringue". A categoria de Ciberjornalismo Académico foi entregue aos estudantes da Universidade do Minho pelo terceiro ano consecutivo.
O júri dos prémios foi presidido, este ano, por Ana Isabel Reis, da Universidade do Porto, fazendo também parte do grupo Ana Pinto Martinho (ISCTE), António Granado (U.Nova), Belén Galletero-Campos (U.Castilla La-Mancha), Fernando Zamith (U.Porto), Helder Bastos (U.Porto), Inês Amaral (U.Coimbra), João Canavilhas (UBI), Luís António Santos (UM), Luís Bonixe (IP Portalegre), Paulo Nuno Vicente (U.Nova), Pedro Jerónimo (UBI) e Thais de Mendonça Jorge (U.Brasília).
Segue a lista dos premiados:
Prémios do júri Excelência Geral em Ciberjornalismo Público Última Hora Greve pelo clima: “É uma das manifestações mais bonitas que já vi” (P3/Público) Reportagem Multimédia O lugar onde nem eu nem tu queremos viver (Expresso) Narrativa Vídeo Digital Manicómio: ninguém fica de fora (Público) Narrativa Sonora Digital Aquilo é a Europa (Fumaça) Infografia Digital Espaço 1969 (Público) Ciberjornalismo de Proximidade Valentyna Bilous: Do sorriso lindo de princesa à força de um golpe no ringue (Região de Leiria) Ciberjornalismo Académico Entre o éter e o digital, “a rádio é aquilo que somos” (ComUM)
Prémios do público Excelência Geral em Ciberjornalismo Público Última Hora Greve pelo clima: “É uma das manifestações mais bonitas que já vi” (P3/Público) Reportagem Multimédia O lugar onde nem eu nem tu queremos viver (Expresso) Narrativa Vídeo Digital Manicómio: ninguém fica de fora (Público) Narrativa Sonora Digital No país da geringonça (Rádio Renascença) Infografia Digital Alterações climáticas: o que já mudou e o que está para chegar (Público) Ciberjornalismo de Proximidade Os últimos brandeiros de Val de Poldros (AltoMinho.TV) Ciberjornalismo Académico Bairro do Cerco (#infomedia)





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