A Medicina do Avesso
- Ana Rita Graça
- 14 de jan. de 2020
- 2 min de leitura
Foi no ano de 2019 que o nascimento de um bebé com graves malformações da face, na verdade nasceu sem uma parte do rosto, alertou a sociedade portuguesa, incluindo o Governo e as autoridades, sobre uma gravíssima e incompetente prática médica de enorme gravidade. Este caso teve até exposto na imprensa internacional.
Após o nascimento do filho, é que a própria mãe, que já teria feito ecografias para verificar o estado do seu bebé, se deparou que o bebé tinha graves problemas de desenvolvimento do rosto. Este caso foi denunciado pela família, que com toda a legitimidade, permitiu aprofundar informações sobre o médico em causa e verificar se situações, como esta, estavam presentes no seu passado clínico.
O processo clínico do médico continua em análise na Ordem dos Médicos. A mãe do bebé era acompanhada em privado, onde realizou as tais ecografias de controlo. No entanto, o parto foi realizado no Hospital de Setúbal sob a orientação do mesmo médico, que não tinha autorização e competências para realizar os exames. Como é que um médico que não tem competências para ser médico, exerce a profissão? Um médico tem de ter estudos para conseguir perceber anomalias como esta.
É ainda mais grave que a Ordem dos Médicos não faça ou não venha a fazer nada relativamente a este caso. É deveras vergonhoso que num país, como Portugal, um bom acompanhamento durante a gestação não seja feito. Seria muito importante que realmente a OM se começasse a interessar por investigar e perceber que tipo de docentes tem ao seu serviço.
Não foi só uma vida que este médico pôs em jogo. Foi uma família inteira. Um filho, é sempre um filho, no entanto nunca se deve colocar uma família em tão grande sofrimento. Ainda para mais, estavam à espera que o bebé estivesse completamente ileso e perfeitamente saudável.
No caso do bebé sem rosto ficamos todos a perceber que o valor criado para aquele recém-nascido, para aquela mãe e para aquela família foi dramaticamente e dolorosamente negativo. Mas também ficamos a perceber que a avaliação do desempenho médico não pode ser feita apenas no fim do ciclo de prestação, quando já nada há a fazer.
No entanto, é de ressalvar que a formação médica portuguesa é de excelência, no entanto não é admitido que raros casos, como este, aconteçam. Algo tem se ser feito.
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