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A (re)afirmação dos nacionalismos

  • Foto do escritor: Enfoque
    Enfoque
  • 9 de nov. de 2019
  • 3 min de leitura

Ultimamente, um pouco por todo o mundo, tem-se vindo a assistir a um fenómeno que, provavelmente, já se considerava ultrapassado: a afirmação de ideais nacionalistas que, de certa forma, contrariam a abertura que se tem procurado e alcançado.


De facto, desde há muito tempo que se pretende que os vários países do mundo se respeitem mutuamente, estabeleçam trocas comerciais, recebam diferentes culturas, aceitem a diferença, no fundo, que vivam de braços abertos para o mundo. Afinal de contas, as fronteiras nada são além de barreiras imaginárias, fictícias, inventadas por alguém para delimitar o território em que o Estado poderia exercer o seu poder. Na verdade, essas mesmas fronteiras são perfeitamente transponíveis e, do outro lado das mesmas, encontram-se pessoas, pessoas iguais a nós, que por viverem sob o domínio de outro poder poderão falar outra língua ou ter outros hábitos. Desta forma, parece lógico que os nacionais de um Estado se vejam, igualmente, como cidadãos do mundo.


No entanto, a realidade com que hoje nos deparamos parece não retratar essa ideia. De algum modo, a Humanidade aparenta estar a olhar para o passado em vez de procurar uma evolução, parece estar a refugiar-se em ideais fascistas (e mesmo nazis) que demonstraram o seu fracasso em vez de procurar novas teorias para resolver os problemas que o mundo tem enfrentado.


Na minha opinião, o facto de os Estados estarem a focar-se cada vez mais em si mesmos, no caso dos Estados europeus, poderá ter que ver com um sentimento de “submissão” à União Europeia, na medida em que é esta organização que determina muitas normas que vigoram no Direito interno dos países. Os cidadãos europeus demonstram-se cansados da direção de Bruxelas, sentem-se injustiçados, e muitos têm visto como solução uma afirmação da soberania nacional, o que se tem traduzido em apoios a ideias de extrema-direita, que colocam o seu país à frente de tudo e todos, ignorando princípios como a diversidade cultural, a liberdade religiosa, o princípio da livre circulação, e promovendo o racismo, a xenofobia e a discriminação.


À chocante eleição do Presidente Donald Trump, nos Estados Unidos da América, um homem de negócios que tem vindo a limitar a imigração, que legalizou a posse de armas, que repetidamente desrespeitou mulheres e outras minorias, segue-se agora um caso semelhante no Brasil, com a eleição de Jair Bolsonaro, o candidato de extrema-direita, para Presidente. Cansados dos governos corruptos que têm vindo a existir, a maioria dos brasileiros tem-se revisto nos pensamentos nacionalistas de um homem que promete acabar com a corrupção e com o crime, ao mesmo tempo que defende a legalização de armas e a prisão de opositores políticos (curioso, para não dizer estranhíssimo).


É alarmante o facto de a época das ditaduras, que parecia esquecida devido ao declínio do nível de vida e aos atentados aos direitos humanos, poder regressar. No seio da UE, a Polónia, que foi o primeiro país do bloco soviético a libertar-se e a transformar-se numa democracia, cai agora na tendência do outro extremo, o que revela que nada é impossível e que países que se encontram numa organização internacional que prima pelos ideais democráticos e que têm democracias estáveis podem vir a seguir a tendência e tornarem-se Estados contrários ao Estado de Direito – Estados autoritários, repressivos.


O nosso país, até há bem pouco tempo, resistia a esta perigosa tendência, mas com as recentes eleições legislativas o alarme chega também a Portugal. Não podia acreditar, quando soube os resultados das eleições, que as previsões de eleição de um deputado do partido “Chega” se concretizaram. Um partido racista, xenófobo e nacionalista está representado no parlamento português. É certo que o deputado eleito deste partido não é mais que um comentador futebolístico com lugar cativo num canal extremamente sensacionalista, mas o povo português deu-lhe ouvidos, e se deu ouvidos a uma pessoa que se limita a dizer “chega”, não quero imaginar o que acontecerá quando chegar aparecer uma cara credível que tenha o dom da retórica.


Posto isto, os recentes eventos provam que este fenómeno de emergência da extrema-direita está a ganhar cada vez mais força e que pode atingir todo e qualquer país, pelo que é urgente o apelo à humanidade, à sensibilidade e ao altruísmo das pessoas que vivem todas juntas, na mesma casa – o planeta Terra.


Artigo de opinião por






Sofia Torres

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